20.12.11



Oferenda

Sou feliz com o que tenho.
Pois pouco foi- me oferecido.
Não sou nem mais feliz do que os contentes;
Nem mais triste que os aborrecidos.

Carrego no peito o vazio,
Daquilo que nunca me preencheu,
Se vivo, ou morro a cada dia;
É porque meu peito nunca se ergueu.

A oferenda da vida é vasta.
De sol e música passam meus dias.
Do amor que outrora pede passagem;
De uma vida em busca de alegria.

13.9.11

O descanso da poetisa



Sou aquela que escreve com a alma.
Não utilizo jargões e frases feitas.
Escrevo sobre o que amo,
O que sinto,
O que sofro.

Trago então a idéia.
Tento torná-la atemporal.
O turbilhão de emoções que domina meu ser,
Trapaceia minha mente.
E a cada novo verso, mesmo lugar banal.

Constantemente enfrento minhas limitações.
Porém vejo além do que os outros vêem.
Nem sempre sou entendida,
Ouvida,
Sentida.

Como toda artista,
Sou incompreendida enquanto minha existência.
Mas serei um dia páginas de uma grande obra.
Chega! Estou farta!
Peço licença para meu descanso.

Então, de leve pouso a caneta sobre o papel.
E a lágrima que cai, deixa a tinta apagada.
Não sei quando voltarei a escrever.
Só sei que hoje, ser poetisa, é só mágoa

11.7.11

O Artista
















Haverá um dia em que o artista conhecerá a libertação,
e o mundo real não terá mais importância.
O palco, as luzes e os poucos momentos de arte
o preencherão com a intensidade de toda uma vida.
Nessa hora se alimentará dos aplausos e se tornará eterno.
E como uma tela ficará expressa em seu rosto
uma complexidade de sentimentos de uma alma outrora adormecida.

17.5.11

Duas Vidas


Tenho duas vidas. Uma que é real, outra que é sentida.
E essa outra vida é o que faz de mim aquilo que sou.

O que amo não é real, é sentido.

- É o ar que preenche não somente meus pulmões.

Corre no meu sangue, pulsa mais rápido, rasga.
Dói e alivia. Expira e inspira.

E vai sendo...

Sendo a vida que nunca pertenceu a mim.

Tenho duas vidas, vários amores, uma agonia...

2.5.11

A tal da felicidade




Definam-me felicidade.
Mas me contem devagarzinho.
Deixem-me apreciar o seu sabor.
O perfume da brisa das flores
Sendo levado pelo vento,
Batendo no rosto cansado
Que a vida amargurou.

Definam-me felicidade.
Da criança abrindo um brinquedo,
Dos colegas da escola que o tempo deixou.
Do pôr-do-sol dos músicos,
Das velhas cantigas de roda,
Do casal apaixonado em uma noite de amor.

Definam-me felicidade.
Mas a encham de alegria.
Acolham um coração com dor.
Definam-me a tal da felicidade.
Das mentiras dos poetas,
De uma vida sem enganos,
E dos poemas de amor.

27.4.11

Vale das Almas





Não sei quantas almas tive.
Cada uma delas eu perdi.
O que sobrou de mim hoje,
Rasga, queimando e destruindo
Aquele pouco que ficou.

Procuro em círculos, e não acho.
Percorro por todo o vale,
Em busca de uma só delas
Que me traga de volta a alegria.

Cansaço, dor, medo, raiva.
Todo o conjunto de mim.
Atrás de cada árvore, escondidas.
Vagam pelas sombras e pelo frio,
De um vale gélido e sem vida.

Não sei se as desejo ter de volta.
Se devo temer, a escuridão e o pavor.
Ficarei aqui sentada!
Esperando e sofrendo... o que restou.

25.4.11

O amor


               
  

  O amor
  é a tristeza,
  é a alegria,
  é o quente,
  é o frio em demasia.
  O amor é um coletivo de antônimos.

   O amor
   é claro,
   é escuro,
   é totalmente opaco,
   é obscuro.
   O amor é um adjetivo.

  O amor
  é sempre,
  é aqui,
  é lá,
  é em qualquer lugar.
  O amor é um advérbio.

  O amor
  é a paixão,
  é um turbilhão fervente,
  é o coração em disparo,
  é o sangue quente.
  O amor é formado de sinônimos.

  O amor
  é sofrer,
  é compartilhar,
  é saber viver,
  é deixar-se enganar.
  O amor é um verbo.
  
  O amor
  é a inocência,
  é a traição,
  é a raiva,
  é a união.
  O amor é um substantivo.

 
O amor
  é o Deus Eros,
  é o mundo sensível,
  é a essência,
  é o inteligível.
  O amor é filosofia.

  O amor é um gesto.
  O amor é uma expressão.
  O amor é um sentimento.
  O amor é um ato.
  O amor é uma palavra.

  Uma palavra tem uma estrutura.
  Uma estrutura tem uma base.
  Uma base tem um fundamento.
  Um fundamento tem uma definição.


O amor é tudo, e ao mesmo tempo, nada.