27.4.11

Vale das Almas





Não sei quantas almas tive.
Cada uma delas eu perdi.
O que sobrou de mim hoje,
Rasga, queimando e destruindo
Aquele pouco que ficou.

Procuro em círculos, e não acho.
Percorro por todo o vale,
Em busca de uma só delas
Que me traga de volta a alegria.

Cansaço, dor, medo, raiva.
Todo o conjunto de mim.
Atrás de cada árvore, escondidas.
Vagam pelas sombras e pelo frio,
De um vale gélido e sem vida.

Não sei se as desejo ter de volta.
Se devo temer, a escuridão e o pavor.
Ficarei aqui sentada!
Esperando e sofrendo... o que restou.

25.4.11

O amor


               
  

  O amor
  é a tristeza,
  é a alegria,
  é o quente,
  é o frio em demasia.
  O amor é um coletivo de antônimos.

   O amor
   é claro,
   é escuro,
   é totalmente opaco,
   é obscuro.
   O amor é um adjetivo.

  O amor
  é sempre,
  é aqui,
  é lá,
  é em qualquer lugar.
  O amor é um advérbio.

  O amor
  é a paixão,
  é um turbilhão fervente,
  é o coração em disparo,
  é o sangue quente.
  O amor é formado de sinônimos.

  O amor
  é sofrer,
  é compartilhar,
  é saber viver,
  é deixar-se enganar.
  O amor é um verbo.
  
  O amor
  é a inocência,
  é a traição,
  é a raiva,
  é a união.
  O amor é um substantivo.

 
O amor
  é o Deus Eros,
  é o mundo sensível,
  é a essência,
  é o inteligível.
  O amor é filosofia.

  O amor é um gesto.
  O amor é uma expressão.
  O amor é um sentimento.
  O amor é um ato.
  O amor é uma palavra.

  Uma palavra tem uma estrutura.
  Uma estrutura tem uma base.
  Uma base tem um fundamento.
  Um fundamento tem uma definição.


O amor é tudo, e ao mesmo tempo, nada.